“Muitas experiências foram colhidas positivamente nos ensinando a sermos mais resilientes e inovadores para resolver problemas e continuarmos nossas vidas”, escreve Adrimauro Gemaque, analista do IBGE, Administrador (graduado em Administração Pública) e Consultor em Política Pública e Articulista, em artigo publicado por EcoDebate, 05-01-2021.
“A inflação elevada, com consequentes altas nas taxas de juros, o alto endividamento das famílias, o desemprego, a escassez de insumos e matérias-primas e os custos de energia em elevação são fatores conjunturais desfavoráveis. Além disso, ainda há incertezas sobre o andamento da pandemia e o temor de algum retrocesso, como ocorre atualmente na Europa” (Robson Braga de Andrade, Presidente da CNI).
Ano de 2021, ficou para traz como uma situação dramática: a população brasileira impactada com os efeitos da pandemia e também pela política econômica do governo federal, que aprofundou ainda mais a desigualdade aumentando a pobreza.
Porém, outros cenários merecem serem observados como: a inflação em alta as pessoas com menor renda foram diretamente atingidas. O desemprego também cresceu e as novas ocupações foram com a atividade informal. Com isso, o mercado interno não teve força necessária para promover o crescimento da economia.
Levantamento feito pela Austin Rating, que é uma Agência de Risco aponta que o Brasil tem a 4ª maior taxa de desemprego do mundo no ranking de 44 países, o que representa o dobro da média mundial. É a pior taxa entre os países membros do G20 referente ao 3º trimestre de 2021 (P g1, 22/11/2021).
É bem verdade que a taxa de desocupação medida pelo IBGE, sofreu um recuo de 1,6% ficando em 12,6% no 3º trimestre (julho a setembro). Todavia, antes da chegada da pandemia o índice estava abaixo de 12%. Porém, já no primeiro trimestre de 2021, saltou para 14,7%.
Mesmo a taxa de desocupação no 3º trimestre tenha apresentado queda, quando comparado com o terceiro trimestre de 2019, que era de 61,0 milhões de pessoas de 14 anos e mais fora da força de trabalho, no terceiro trimestre de 2021 foram 65,5 milhões, ou seja, 4,5 milhões de brasileiros a mais, segundo o IBGE. Vale ressaltar que 40,6% das pessoas ocupadas estão na informalidade, o que equivale a 38 milhões de trabalhadores.
O que chama atenção, é que em 16 dos 17 estados com a taxa de informalidade acima da média nacional estão nas regiões Norte e Nordeste. Foi o caso do Amapá, que teve o maior percentual de pessoas trabalhando por conta própria chegando a 38,2%, liderando ranking entres as unidades da federação, seguido por Amazonas (36,4%) e Pará (36,1%), todos da região norte.
Também no 3º trimestre a renda média do brasileiro recuou 4%, em relação aos três meses anteriores para R$ 2.459,00, segundo IBGE. Foi a quarta queda seguida na comparação com o trimestre imediatamente anterior, o que fez o valor se aproximar do menor nível da série história, iniciada no 4º trimestre de 2012 (R$ 2.438,00).
O rendimento médio real do trabalhador brasileiro encolhe. Esta queda na renda é o reflexo de uma retomada do mercado de trabalho marcada pelas ocupações mais precárias e também com a disparada da inflação.
Essa constatação de queda acentuada na renda do trabalhador, principalmente para as famílias de menor poder aquisitivo recaiu no aumento da desigualdade. Tema que abordei em um artigo que escrevi em maio de 2021 “A pandemia agravou a desigualdade de renda e a pobreza no Brasil”. Veja alguns fragmentos (…) Depois de um ano da maior pandemia sanitária mundial anunciada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 11 de março de 2020, o Brasil ficou mais desigual e muito mais faminto. No final de 2019, o Brasil havia sido destaque no relatório de desenvolvimento humano divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). De acordo com o estudo, o país era o sétimo mais desigual do mundo, atrás apenas de nações africanas.
Estudo realizado pela FGV/IBRE, divulgado em 23.12 já apontava que o Natal de 2021 seria o mais desigual da série histórica, iniciada em 2007. A pesquisa analisou a intenção de compra dos consumidores, quanto pretendem gastar com os presentes da ocasião e como devem comprar. O dado que chamou a atenção em 2021 foi a desigualdade entre as famílias de menor e maior poder aquisitivo – a diferença de intenção de compras das que ganham até R$ 4.800,00 e as que ganham acima desse valor atingiu 44,4 pontos, o maior resultado da série histórica.
Também neste contexto, vale destacar que para 2022 as expectativas para expansão do PIB contidas no Boletim Focus, do Banco Central (27.12) foram reduzidas de 0,50% para 0,42%. Para 2023, caiu de 1,85% para 1,80%. Para 2024, ficou parado em 2% (Valor Econômico, 27.12).
Por outro lado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Selic em 1,5 ponto percentual na última reunião do ano, no começo de dezembro, passando de 7,75% para 9,25% ao ano, o maior patamar desde outubro de 2017. Foi a sétima alta consecutiva e já era esperada pelo mercado.
Os indicadores aqui em destaque possuem grande importância no cenário econômico do país. Evidentemente, que a polarização política e os baixos índices de crescimento da economia é que desenham este cenário mais sombrio.
Enfim, o que esperar de 2022?
De acordo com a Análise de Conjuntura (Ano novo, velhos e novos desafios), contida no Boletim MACRO Nº 126, FGV/IBRE, traz em destaque. (…) apontam que esses resultados revelam que ainda estamos – e permaneceremos ano que vem – distantes da tendência de crescimento do período pré pandemia. Confirmadas nossas previsões, ao final de 2022 estaremos quase 3% abaixo do ponto em que estaríamos se essa tendência tivesse sido mantida. E isso apesar de a média de crescimento entre 2017 e 2019 ter sido de apenas 1,4% ao ano, em si já um resultado medíocre. O que chama atenção é que, mesmo sendo um crescimento tendencial muito baixo, não conseguiremos retornar à tendência anterior no próximo ano.
Para os especialistas o ano de 2022 deve ser marcado por muitas dificuldades na economia brasileira. Chegam afirmar que 2022 deverá ser uma continuidade de 2021. “Caímos, voltamos para o mesmo lugar e agora estamos ao lado”, diz André Perfeito, economista-chefe da Necton, se referindo como foi desenhado a trajetória da economia brasileira de 2020 para 2022, ou seja, uma forte queda, e com o retorno ao patamar pré-crise e um período de crescimento fraco.
Agora em 2022, é ano de Eleições Gerais em outubro os brasileiros vão as unas para escolherem o chefe da Nação, os seus representantes no Congresso Nacional e nos estados para os próximos quatro anos. Em ano de eleição o Tribunal Superior Eleitoral – TSE, elabora o Calendário Eleitoral com as normas e orientação sobre as eleições. Porém, agora o calendário está sendo antecipado e tem gerado mais incertezas em um cenário com problemas maiores, como a pandemia.
A bem da verdade é que o ano de 2021, se foi e nos deixou grandes perdas. Porém, muitas experiências foram colhidas positivamente nos ensinando a sermos mais resilientes e inovadores para resolver problemas e continuarmos nossas vidas. Tenho esperança, que mesmo com cenários adversos que os principais indicadores da economia apontam para 2022, ainda assim, desejo que seja um ano muito melhor do que o que findou!
Fonte: IHU