Por Sebastião de Andrade.
No Brasil, segundo a última pesquisa Vigitel do Ministério da Saúde, divulgada 2020, 23,3% dos brasileiros estão obesos. Conforme o mesmo levantamento, 7,4% da população brasileira é diabética, o que equivale a 15,5 milhões de brasileiros, sendo que 40 a 50% não sabem que são portadores dessa doença.
O diabetes tipo 2 (95% dos casos), é uma doença silenciosa, que vai gerar sintomas e complicações no longo prazo. Se o diagnóstico for precoce, existe uma possibilidade maior de prevenir as principais complicações, renais, cardíacas, hepáticas, cegueiras e amputações.
O mais importante é descobrir quem já é diabético ou aqueles que se tornarão para poder intervir e evitar complicações.
Quem deve fazer testes regulares para rastreamento dessa doença?
Qualquer pessoa que tenha sobrepeso ou obesidade e aquelas com fatores de riscos adicionais, tais como pressão alta, níveis anormais de colesterol, estilo de vida sedentário, história de síndrome de ovários policísticos ou de doença cardíaca, aquelas que tem parentes próximos com diabetes, as que foram diagnosticadas com pré-diabetes e as que apresentam alterações da glicemia de jejum. Mulheres que já tiveram diabetes gestacional, são recomendadas a fazer um teste de diabetes a cada três anos. Pessoas com mais de 35 anos, recomenda-se fazer um teste inicial de açúcar no sangue, se o resultado for normal, repeti-lo a cada três anos.
Já o diagnóstico de pré diabetes é muito importante, porque essas pessoas já terão fatores de riscos maiores para doenças cardiovasculares, renais e outros problemas que a população em geral.
Como evitar que o pré-diabetes vire diabetes franco?
O pré diabetes é assintomático e pode durar de três a cinco anos antes de evoluir para o diabetes franco. Para detectar esta situação de alerta e fazer prevenção de complicações torna-se preciso realizar um exame de glicemia ou de hemoglobina glicada. O indivíduo que apresenta este estado tem prevenção que pode retardar o diabetes franco, ou mesmo eventuais complicações. Mantenha o seu peso ideal, sempre que for possível.
Perder cerca de 5 a 10% do peso em excesso pode ajudar a prevenir, ou pelo menos retardar, o desenvolvimento da Diabetes tipo 2.
Faça uma alimentação mais saudável: evite as gorduras trans( margarinas) e saturadas, coma mais frutas (mas não sumos de frutas), vegetais, legumes, carnes brancas, leguminosas( feijão. Soja, grão- de-bico, ervilha, fava, lentilha), grãos integrais como arroz, farinha integral, aveia, avelã, nozes, amêndoas, castanha do Pará e do caju.
1. Qual a taxa para diagnóstico de um pré Diabetico?
É considerado pré-diabetes quando a glicemia de jejum está entre 100 e 125 mg/dl e diabetes quando o valor for superior a 125 mg/dl, enquanto que o valor considerado normal da glicose em jejum é até 99 mg/dl. Valores de hemoglobina glicada de 5,7% a 6,4% significa pré diabetes e acima diabetes franco.
Alimentos que devem ser evitados
Alimentos ricos em farinha branca: pães brancos, bolos, biscoitos, salgados, embutidos, mel, melado, alimentos ricos em açúcares: chocolate, doces, geléias de fruta . sorvetes, bebidas alcoólicas, refrigerantes, sucos industrializados, energéticos, café ou chás com açúcares, bem como fast food.
Insulino resistência consiste na redução da ação da insulina no organismo, resultando em aumento compensatório da secreção de insulina. O pâncreas começa a produzir mais insulina até um determinado momento que a produção desta insulina começa a diminuir e advém o diabetes. A insulina alta também é responsável pelo aumento de peso e por alguns tipos de cânceres.
A hiperinsulinemia pode ser provocada pela obesidade, sobrepeso, sedentarismo e consumo elevado de carboidratos refinados (farinha branca), que provocam aumento da glicose no sangue e consequentemente uma produção aumentada de insulina pelas células pancreáticas.
A circunferência da cintura (CC) e a dosagem sanguínea de triglicerídeos nos dão a possibilidade de avaliar alterações metabólicas. Nos anos 2000, demonstrou-se que a combinação desses dois componentes eram capazes de predizer risco cardiovascular em homens. Cerca de 80% dos indivíduos com cintura maior que 94 cm e triglicerídeo maior 177 mg/dL tinham a possibilidade de envelhecer as suas artérias (aterogênese), posteriormente, o mesmo achado foi confirmado em mulheres, considerando cintura maior de 84 cm e triglicerídio maior que 133 mg/dL. Você fez um exame, seu triglicerídeo deu elevado e seu HDL colesterol está baixo provavelmente você deve ter insulino- resistêcia e já comece, então, a fazer prevenção.
O tecido gorduroso visceral, acumulado na região abdominal apresenta relação direta com o grau de resistência à insulina. Na prática clínica, uma alternativa acessível e nada invasiva é a predição de resistência à insulina por meio de algumas medidas corporais, exemplo: a cintura abdominal e a circunferência do quadril, elas estão entre as melhores indicadores para avaliar a gordura visceral e a resistência à insulina. É a gordura visceral o principal problema da obesidade e que pode trazer sérias complicações metabólicas.
A dosagem da hemoglobina glicada constitue um dos métodos bastante eficazes para o diagnóstico da diabetes ou pré-diabetes.
- glicemia em teste oral de tolerância à glicose (2 horas após 75g de glicose) de 140 a 199mg/dl: insulino-resistência:
- hemoglobina glicada de 5,7% a 6,4%: insulino-resistência
- Hemoglobina glicada maior que 6,5%: Diabetes.
Embora a história natural do pré-diabetes seja variável, aproximadamente 25% dos indivíduos com essas alterações desenvolverão diabetes em três a cinco anos. Estudos de grande porte conduzidos em diferentes partes do mundo provaram que mudanças no estilo de vida são capazes de reduzir o risco de evolução para diabetes, sendo essa a principal intervenção recomendada para os casos de pré-diabetes. Entre elas, o Finnish Diabetes Prevention Study incluiu indivíduos com sobrepeso ou obesidade e pré-diabetes, submetidos à intervenção que visava redução maior que 5% no peso, atividade física de intensidade moderada com duração ≥ 150 minutos por semana, redução do consumo de gorduras e aumento do consumo de fibras. Após três anos, o grupo da intervenção apresentou redução de 58% na evolução para diabetes em comparação com o grupo controle. O Diabetes Prevention Program mostrou que a redução na incidência de casos de diabetes mediante o estímulo à uma dieta saudável e à prática de atividades físicas foi maior do que a alcançada pelo uso de medicamentos.
Além das mudanças de estilo de vida, o uso de agentes farmacológicos também podem prevenir evolução para diabetes, por exemplo: mulheres com história de diabetes gestacional, indivíduos muito obesos e/ou aqueles com hiperglicemia mais grave. Indivíduos com pré-diabetes, frequentemente, apresentam outras comorbidades, como obesidade, hipertensão, alterações das gorduras do sangue, consequentemente, risco aumentado para eventos cardiovasculares. Portanto, uma vigilância aumentada se justifica para identificar e tratar esses e outros fatores de risco (por exemplo: evitar tabagismo e sedentarismo). Caso tenha insulino resistência ou pré diabetes, faça prevenção e evite o diabetes.
O diabetes melitus é uma sombra que o espreita fora da luz da informação.