O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem sido, historicamente, um bastião de excelência técnica e metodológica no Brasil. Sua missão de fornecer dados precisos e confiáveis é fundamental para a formulação de políticas públicas, pesquisa acadêmica e desenvolvimento econômico. No entanto, recentemente, erros primários em suas publicações têm lançado dúvidas sobre a qualidade dos processos internos de revisão e validação de dados.
Erro na Cartografia da Amazônia Legal
Em 2024, o IBGE publicou um mapa da Amazônia Legal que continha falhas significativas: as siglas de Mato Grosso (MT) e Mato Grosso do Sul (MS) estavam trocadas, e o Acre não estava identificado entre os novos Estados dessa região vital do Brasil. Este erro ilustra uma falta preocupante de cuidado técnico. Um documento dessa natureza, que continua disponível no site oficial do IBGE até a data atual, impacta negativamente a credibilidade do instituto.
Esta não é uma falha isolada. Em um contexto recente, a nova versão do Atlas Geográfico Escolar, introduzida em 2024, também foi alvo de críticas devido a erros nos mapas que ilustravam a formação dos continentes, cometendo equívocos sobre a ordem dos períodos geológicos e suas respectivas idades.
Impactos dos Erros
Esses lapsos comprometem a confiança que a sociedade, pesquisadores e formuladores de políticas têm no IBGE. Mais que simples equívocos, esses erros representam uma lacuna entre a competência histórica do IBGE e suas práticas recentes. O impacto vai além do embaraço técnico, afetando decisões políticas e científicas que dependem dessas informações
A Responsabilidade do Corpo Técnico
O corpo técnico do IBGE é formado por profissionais altamente capacitados e comprometidos com a excelência. A realidade é que esses erros primários não podem e não devem representar o nível de qualidade que se espera de um órgão de tal prestígio. É necessário que a voz dos especialistas dentro da instituição seja ouvida e que medidas sejam tomadas para garantir que técnicas e metodologias institucionais sejam rigorosamente seguidas.
A Voz da Associação DAPIBGE
Como membros de uma associação compostas de técnicos que “pavimentaram” o IBGE que temos hoje e que sempre defenderam a integridade e o reconhecimento do Instituto, é imperativo que esses episódios lamentáveis sirvam de catalisadores para uma revisão urgente dos processos internos do IBGE. O IBGE é um patrimônio técnico e científico, não só no Brasil, mas internacionalmente, e esse legado não pode ser comprometido por erros evitáveis.
A integridade dos dados produzidos pelo IBGE deve ser uma prioridade inegociável. É a hora de reavaliar procedimentos internos, reforçar treinamentos, abrir o canal de diálogo com os servidores ativos e aposentados tendo uma postura democrática reconhecidamente adotada pelo governo atual e assegurar que o IBGE continue a ser o padrão de excelência que sempre foi. Com compromisso e rigor, é possível restaurar a confiança e garantir que futuras publicações não sejam comprometidas por descuidos dessa natureza.
Dr. Júlio Dutra advogado, presidente do DAPIBGE, Rio de Janeiro, Julho 2025