por Júlio Dutra
O Alzheimer é uma enfermidade neurodegenerativa que desafia não apenas pacientes e famílias, mas também o sistema de saúde e a sociedade em geral. De acordo com o estudo de Mitchell et al. (2009), publicado no New England Journal of Medicine , a demência avançada está associada a altas taxas de mortalidade, sendo as complicações de saúde, como pneumonia, febre e dificuldade alimentar, principais contribuintes para o desfecho terminal. Este cenário ressalta a necessidade urgente de estratégias de cuidado que vão além das intervenções médicas tradicionais.
A Necessidade de Atividades Recreativas e Integração Social
O estudo revela como a compreensão da progressão da doença pode reduzir intervenções agressivas desnecessárias. Similarmente, Dr. Efrain Olszewer, em “Demência Senil”, destaca a importância de expandir o conhecimento sobre a doença entre o público geral, iluminando caminhos para cuidados mais humanizados e eficazes. A obra “Alzheimer: a Doença e Seus Cuidados”, de Alessandro Ferrari Jacinto e Marisa Folgato, utiliza histórias reais para educar cuidadores sobre práticas disponíveis, destacando o papel essencial de uma abordagem holística.
Lisa Genova, em seu romance Para Sempre Alice , oferece uma perspectiva íntima da experiência de viver com Alzheimer de início precoce, ilustrando o impacto humano da doença. Este tipo de narrativa apoia a ideia de que atividades recreativas e integração social são fundamentais para manter a dignidade e a qualidade de vida dos pacientes.
Integração Social: Um Elo Vital
Participar de atividades que promovem a interação social pode melhorar a qualidade de vida dos idosos com Alzheimer. Isso é crucial em um estágio em que a perda de mobilidade e a propensão a estados depressivos são comuns. O ato de engajar-se em atividades estruturadas pode reduzir a sensação de isolamento, promovendo um sentido renovado de propósito.
Exemplos de Atividades
Terapia de Música : Como observado em vários relatos anedóticos, a música pode reavivar memórias e emoções.
Exercícios Leves Assistidos : Atividades físicas leves podem ajudar a manter a saúde cardiovascular e reduzir escaras e outros problemas de saúde associados ao acamamento prolongado.
Artes e Oficinas : Atividades artísticas estimulam a criatividade e permitem a autoexpressão, mantendo os pacientes mentalmente engajados.
Importância da Abordagem no Âmbito da DAPIBGE
No contexto da doença de Alzheimer e outras demências relacionadas, a DAPIBGE ( como agente de cuidado e suporte ) surge como um campo essencial de cuidado e prática de suporte, principalmente na fase inicial da doença. Os sintomas iniciais, como pequenos esquecimentos, podem frequentemente passar despercebidos, mas são importantes para um diagnóstico precoce e para o manejo eficaz da doença.
Reconhecer que um simples lapso de memória pode ser um sinal é o primeiro passo para cuidar ativamente da nossa saúde cognitiva. Compreender esta nova fase da vida envolve aceitação, adaptação e a disposição para buscar apoio adequado. É imperativo que trabalhemos para minimizar os impactos do envelhecimento na nossa saúde, adotando práticas de vida saudáveis que contribuam para um bem-estar prolongado.
Cuidar da mente e manter-se informado são pilares fundamentais. Ao compreender os desafios cognitivos que podem surgir, podemos tomar decisões informadas que nos ajudem a mitigar os efeitos da longevidade. Assim, abraçamos não apenas a longevidade em si, mas também a qualidade de vida que pode acompanhá-la. Vamos nos cuidar e nos educar para que possamos enfrentar e compreender essa nova fase com consciência e serenidade.
Enquanto o Alzheimer desafia tanto a ciência quanto a sociedade, a implementação de atividades recreativas e a integração social emergem como componentes cruciais de um modelo de cuidado compassivo e eficaz. O entendimento da doença, juntamente com abordagens empáticas e holísticas, são essenciais para mitigar os efeitos devastadores da doença, promovendo uma melhor qualidade de vida até o último momento possível. Este é o chamado para cuidadores, profissionais de saúde e a sociedade: encontrar e implementar maneiras efetivas de desarmar esta “bomba-relógio” antes que seja tarde.
Dr. Júlio Dutra; Advogado, Jornalista, Escritor, Servidor Aposentado e Presidente do DAPIBGE; Rio de Janeiro, RJ 01/11-25, 11:22 pm
Bibliografia
Genova, L. (2007). Para Sempre Alice . Nova Fronteira.
Jacinto, A. F., & Folgato, M. (2020). Alzheimer: a Doença e Seus Cuidados . Editora Saúde.
Mitchell, S. L., Teno, J. M., Kiely, D. K., Shaffer, M. L., Jones, R. N., Prigerson, H. G., Volicer, L., Givens, J. L., & Hamel, M. B. (2009). The Clinical Course of Advanced Dementia. New England Journal of Medicine , 361(16), 1529-1538.
Olszewer, E. (2015). Demência Senil . Editora Papaterra.