Folclore Brasileiro

Folclore Brasileiro

O que é o folclore brasileiro:

Folclore brasileiro é a junção de lendas, contos, mitos e histórias sobre criaturas e seres fantásticos que habitam o imaginário de povos tradicionais de diversas regiões do país.

O folclore do Brasil é formado com base na mistura de tradições típicas das várias culturas que formam a identidade na nação, com destaque para a portuguesa, indígena e africana.

Além das histórias, costumes e lendas de personagens criados a partir da cultura popular desses povos, o folclore brasileiro também é composto por festas, brincadeiras, crenças, comidas típicas e outros costumes que eram transmitidos oralmente entre as diferentes gerações.

Devido a diversidade cultural do país, o Brasil tem um folclore muito rico. No entanto, apenas a partir do século XIX é que começou a ganhar importância e destaque por parte de autores e intelectuais.

O Brasil celebra o Dia do Folclore em 22 de agosto, data esta que costuma ser celebrada principalmente nas escolas de todo o país.

Principais lendas do folclore brasileiro
As lendas misturam acontecimentos reais e históricos com personagens e elementos de fantasia e procuram sempre explicar fatos misteriosos ou sobrenaturais.

O imaginário folclórico do Brasil é recheado com diferentes personagens fantásticas. Aliás, cada região do país assume uma história típica de determinada personagem do Folclore. Confira algumas das mais populares:

Lenda do Curupira
curupira lenda

Protetor das florestas, plantas e animais silvestres.
Essa está entre as lendas mais populares do país. De acordo com o mito, Curupira (“demônio da floresta”) é uma entidade sobrenatural que habita as florestas, assumindo a responsabilidade de proteger a fauna e a flora do ataque de caçadores.

Para os indígenas da região norte do país, o Curupira é conhecido como Caipora ou Caiçara. Essa criatura é caracterizada por ter o corpo coberto por pelos vermelhos, dentes verdes e os pés virados para trás.

Aliás, essa última peculiaridade é usada para enganar as pessoas que tentam segui-lo. Elas acabam por se confundir ao olhar para as pegadas que indicam o caminho ao contrário daquele que o Curupira de fato seguiu.

A lenda ainda conta que o Curupira tem a aparência de um menino e que está sempre montado em um porco-do-mato. Por ser uma personagem que habita às florestas é comum que a sua popularidade seja mais forte na região amazônica.

Lenda do Boto cor-de-rosa
boto cor de rosa

Engravida as mulheres e desaparece.
Outra lenda de origem indígena e bastante popular na região norte do país (Amazônia). O boto (espécie de golfinho dos rios) seria um animal mágico que, durante as festividades juninas, se transforma em um homem muito bonito, conquistador e comunicativo.

As principais características do Boto é o fato de estar totalmente vestido de branco e com um grande chapéu, que usa para esconder um buraco em sua cabeça (que nada mais é do que as narinas do animal que não desapareceram após a sua metamorfose em ser humano).

O Boto escolhe a moça mais bonita da festa, a seduz e depois leva para o fundo do rio, onde a engravida. Por isso, a lenda diz que quando a mulher engravida misteriosamente a culpa é do Boto.

Essa história é muito comum para tentar justificar a gravidez fora do casamento, principalmente nas comunidades ribeirinhas da região amazônica.

Lenda do Saci-Pererê

saci perere

Adora fazer travessuras. Protetor das florestas, principalmente das ervas medicinais.

Este é outro mito bastante popular em todo o país. A lenda do Saci-Pererê fala sobre um menino negro que usa um gorro vermelho, fuma cachimbó, anda com uma perna só e adora fazer travessuras.

Ao contrário das outras lendas, a história do Saci teria se originado em grupos indígenas da região sul do Brasil. No entanto, com a popularidade do mito, existem versões da lenda em todas as regiões do país.

O Saci mora nas florestas e adora fazer pegadinhas para assustar as pessoas que entram em seu habitat sem a sua autorização.

Lenda da Cuca
cuca

Bruxa velha com cabeça de jacaré que come crianças desobedientes.
A Cuca é descrita como uma bruxa de aparência velha, com cabeça de jacaré e grandes garras.

A lenda conta que a Cuca habita as florestas e gosta de raptar crianças desobedientes. Quem for pego pela Cuca é usado como ingrediente para as refeições da criatura maléfica.

Esta é outra personagem bastante popular em todo o país. O escritor Monteiro Lobato (1882 – 1948) foi um dos principais responsáveis em disseminar a lenda da Cuca por todo o Brasil, através das histórias da obra Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Lenda da Mula-Sem-Cabeça
mula sem cabeça

Mulher que não guarda sua virgindade para o marido vira mula-sem-cabeça.
Esta criatura sobrenatural é descrita como uma mula que solta fogo no lugar onde deveria ser a sua cabeça.

Essa lenda tem um cunho moral e machista muito forte, pois representa a punição pela quebra da castidade das mulheres. Toda a mulher que se apaixonar por um sacerdote (padre) seria transformada em mula-sem-cabeça.

Outas versões dizem que a mulher que tiver relações sexuais com algum homem (namorado, principalmente) antes do casamento, será enfeitiçada e se transformará em mula-sem-cabeça.

A origem dessa lenda é incerta, mas a sua popularidade no Brasil é evidente. Ainda segundo a história popular, a mula-sem-cabeça corre pelos campos e florestas soltando relinchos muito altos, assustando pessoas e animais por onde passa.

Lenda da Iara (Mãe D’água)
Iara mãe dagua

Sereia sedutora que atrai os homens para morrerem afogados no rio.
Mais uma lenda oriunda da região amazônica. A Mãe D’água é descrita como uma espécie de sereia (corpo de mulher e peixe), que habita os rios da amazônia.

De acordo com a lenda, a Iara tem lindos cabelos negros e fica sentada na beira do rio cantando melodias hipnotizantes que atraem os homens da região. Após seduzi-los, a Iara leva as suas vítimas para as profundezas do rio, afogando-os. Algumas versões da lenda ainda dizem que a Iara devora as suas vítimas após morrerem afogadas.

Quem for capaz de escapar aos encantos da Mãe D’água, ainda segundo a lenda, ficaria louco. E a única forma de restaurar a sanidade na pessoa seria através do auxílio de um pajé.

Brincadeiras típicas do folclore brasileiro
São jogos ou brincadeiras populares e tradicionais, passadas de geração em geração. Além de servir como uma distração para crianças (e adultos), as brincadeiras folclóricas também são comumente usadas como metodologia de aprendizado. Confira algumas das mais conhecidas:

Soltar pipa
Também conhecido como “empinar papagaio” ou “soltar rabiola”, a pipa é um objeto feito a partir de varetas e papel de ceda (ou plástico, em alguns casos).

O objetivo é fazer a pipa levantar voo e controlar o objeto no céu, fazendo várias acrobacias divertidas, que são controladas através de uma linha.

Pega-pega
Essa brincadeira precisa de no mínimo dois participantes. Existem muitas variantes do jogo, mas a mais conhecida é a seguinte:

  1. Escolhe uma pessoa para ser o “pegador”.
  2. Os outros participantes devem correr e evitar serem tocados pelo “pegador”.
  3. Quem for pego passa a ser automaticamente o “pegador”, tendo que tocar em outra pessoa para transmitir a sua função.

Outra versão diz que cada pessoa que for pega pelo “pegador” deve sair do jogo. O último participante que sobrar na brincadeira é o vencedor.

Esconde-esconde

Outra brincadeira de grupo. As pessoas devem escolher uma para procurar enquanto as demais se encondem:

  1. A pessoa escolhida para procurar deve contar com os olhos fechados ou vendados.
  2. Os demais participantes devem se esconder.
  3. Ao terminar de contar, a pessoa que vai procurar deve gritar: “quem se escondeu, se escondeu. Quem não se escondeu, lá vou eu!”
  4. Quando encontrar alguém, a pessoa deve correr e bater no lugar onde a brincadeira começou (onde contou).
  5. Se a pessoa que tava escondida tocar primeiro no lugar inicial do jogo, então ela ganha e o “procurador” deve começar a procura novamente.

Este é apenas uma versão da brincadeira, sendo que existem vários outros modos diferentes de brincar de esconde-esconde.

Vaca-amarela
É uma brincadeira de grupo. Antes de começar os participantes devem recitar o seguinte poema: “vaca amarela pulou a janela, quem falar come o cocô dela”.

A partir desse momento todos devem ficar em silêncio, sem emitir nenhum tipo de som. Cada participante pode tentar provocar os demais, para que deem risada, por exemplo. O primeiro que falar perde a brincadeira.

Cabra-cega ou Cobra-cega
Um participante é vendado e deve tentar procurar os demais com os olhos fechados. A primeira pessoa que for tocada pela “cabra-cega” deve assumir essa posição, trocando de lugar com quem estava vendado.

Amarelinha
Para brincar de amarelinha é preciso fazer um desenho no chão (normalmente usando giz). A figura deve ter dez quadrados, intercalados entre um e dois (veja a imagem abaixo):
amarelinha

  1. Cada jogador deve atirar uma pedra para dentro do quadrado, em sequência. Ou seja, começa atirando no 1, depois no 2, 3, 4 e assim sucessivamente.
  2. O participante não pode pisar no quadrado onde está a pedra. Ou seja, se a pedra está no quadrado 4, a pessoa deve saltar do número 3 para o 5.
  3. Um detalhe muito importante: somente um pé deve pisar dentro de cada quadrado. Se pisar fora do quadrado ou com dois pés em um só número a pessoa “queima a amarelinha” e deve começar tudo desde o início.
  4. Quem consegui atingir o “Céu” primeiro, vence.

Boca de Forno
Nesta brincadeira existem duas funções: o mestre e os súditos. Antes de começar os participantes devem recitar um breve poema.

  • Mestre diz: “Boca de forno”
  • Súditos dizem: “Forno”
  • Mestre: “Jacarandá”
  • Súditos: “Dá”
  • Mestre: “Vão fazer tudo o que o mestre mandar?”
  • Súditos: “Vamos”
  • Mestre: “E se não fizer?”
  • Súditos: “Leva bolo”

A partir daí o mestre começa a desafiar os demais participantes a cumprir uma série de tarefas. O primeiro que finalizar a ordem do mestre ganha e os demais levam palmadas nas mãos (o conhecido “bolo”).

Principais festas do folclore brasileiro
Alguns dos mitos e das lendas do folclore brasileiro deram origem as tradicionais festas populares que são realizadas em diferentes regiões do país.

Festa Junina
As festas juninas são uma tradição de origem portuguesa e muito comuns na região Nordeste do Brasil. São realizadas em comemoração aos três principais santos da quadra junina: Santo Antônio (13 de junho), São João (24 de junho) e São Pedro (29 de junho).

Folia de Reis
A Folia de Reis é uma festa também de origem portuguesa que chegou ao Brasil durante o período de colonização. Esta celebração comemora a visita dos três reis magos ao menino Jesus após o seu nascimento, de acordo com os relatos bíblicos.

Carnaval
O carnaval teve sua origem no Egito, com o objetivo de comemorar o sucesso nas colheitas. Após ser levado para a Europa, chegou ao Brasil, por meio dos portugueses.

As festas de carnaval no Brasil são realizadas em todo o país, porém as mais tradicionais são de algumas cidades do Nordeste, como Recife, Olinda e Salvador, além dos tradicionais desfiles das Escolas de Samba que acontecem nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Bumba-Meu-Boi
A festa do Boi-Bumbá ocorre anualmente durante os meses de junho e julho. A festividade é uma das mais importante do estado do Maranhão desde o século XVIII.

No entanto, na cidade de Parintins, no estado do Amazonas, o Boi-Bumbá também tem grande destaque. Uma grande festa acontece anualmente na cidade desde 1965, onde disputam os bois Garantido Caprichoso.

Por ser uma festa folclórica de extrema importância, foi decretado o dia 30 de junho como Dia Nacional do Bumba Meu Boi.

Círio de Nossa Senhora de Nazaré
Considerada uma das maiores procissões religiosas do mundo, o Círio de Nossa Senhora de Nazaré acontece sempre no segundo domingo do mês de outubro em Belém, capital do estado do Pará.

O Círio de Nazaré representa a devoção a Nossa Senhora de Nazaré, que teria se iniciado no século XVII pelo Jesuítas.

Danças e ritmos do folclore brasileiro
O folclore brasileiro é muito rico em ritmos que representam a cultura de uma determinada região do país, com seus figurinos e cenários representativos, acontecimentos do cotidiano, brincadeiras e muita animação nas músicas que são apresentadas geralmente em espaços públicos.

Alguns dos ritmos do folclore do Brasil são:

Samba de Roda
O samba de roda é uma herança do período da escravidão no Brasil, originalmente realizada em culto aos orixás e caboclos, no Recôncavo Baiano.

Esse gênero musical passou a ser muito apreciado no Rio de Janeiro e, graças a grandes nomes populares do samba, caiu no gosto nacional. O cavaquinho, a cuíca, o pandeiro, o chocalho, entre outros instrumentos de percussão são fundamentais para o samba de roda.

Ciranda
Oriunda do estado de Pernambuco, esta é uma dança típica das mulheres dos pescadores. De acordo com a tradição, elas dançavam a ciranda enquanto esperavam que seus maridos voltassem do mar.

Os cirandeiros formam uma grande roda, dançando em ritmo lento e marcando o passo com pisadas fortes no chão. A dança pode ser simples (dois passos para trás e dois para frente) ou coreografada.

Maracatu
Com origem no estado de Pernambuco, baseado na cultura africana, o Maracatu é considerado um ritmo musical, ritual e dança.

Existem dois tipos de Maracatu: Maracatu Nação e Maracatu Rural, sendo que o primeiro é o mais antigo e popular em Recife; já o segundo tem como principal característica o cabloco de lança como um personagem central da manifestação.

Quadrilha
No Brasil, a quadrilha é uma dança folclórica típica das festas juninas. O estilo é inspirado nas tradicionais festas caipiras, com o uso de uma língua rebuscada.

Dançada em grupo, a quadrilha segue uma coreografia tradicional, executada por pares de dançarinos. Ainda existe a presença do narrador, que tem o objetivo de animar a dança ao recitar versos e frases populares.

Mesmo sendo comum em todo o país, as quadrilhas costumam ser mais apreciadas nas regiões Nordeste e Norte.

Frevo
É um ritmo típico do carnaval de rua e de salão da cidade de Recife, Pernambuco. Tem andamento rápido e coreografia individual, marcados por instrumentos de sopro que compõem a fanfarra.

O frevo é considerado uma mistura de vários estilos diferentes de dança, como o ballet e a capoeira. O uso de pequenas sombrinhas durante a dança é outra particularidade que caracteriza o frevo.

Existem três tipos diferentes de frevo: frevo de rua; frevo-canção; e o frevo-de-bloco.

Carimbó
Oriundo da região amazônica, o Carimbó é um estilo de dança muito popular no estado do Pará. A sua composição é resultado da mistura de elementos culturais dos indígenas amazônidas, dos negros e dos portugueses.

Os dançarinos usam um traje típico (tecidos coloridos, longos e com estampas florais) e dançam em círculo. Enquanto giram e simulam um constante cortejo entre ambos, os dançarinos podem bater palmas, bater os pés ou fazer outros movimentos corporais (como curvar o corpo enquanto marca o seu passo com um pé na frente do outro).