Inflação é a mais alta para um mês de julho em 19 anos

Os preços de itens básicos como alimentos e energia elétrica contribuíram para a alta do IPCA, que ficou em 0,96%.

Os preços de itens básicos como os alimentos e a energia elétrica pesaram muito e contribuíram para a inflação do mês de julho ser a maior dos últimos 19 anos.

A grande vilã aparece pequenininha na conta de luz. A bandeirinha vermelha é a responsável por um baita susto na hora de pagar a fatura. Por causa da seca prolongada que o país enfrenta, a bandeira teve reajuste e deixou a energia ainda mais cara.

O banho no chuveiro elétrico, o uso de eletrodomésticos, a luz acesa: tudo isso aumentou 7,88% em julho, e a alta da energia contribuiu para que a inflação do mês passado desse um pulo.

Foi a maior variação do IPCA num mês de julho em 19 anos: 0,96%. Nos últimos 12 meses, a inflação já acumula alta de quase 9%. É o índice mais alto desde maio de 2016 e está cada vez mais longe do centro da meta para o ano, que é de 3,75%.

E o pior é que conta de luz não é a única despesa essencial que está pesando no orçamento. A comida do dia a dia também está bem mais cara, tanto que para muitas famílias até itens da cesta básica já viraram artigos de luxo. A alta não poupou nem o mais trivial dos ingredientes no prato do brasileiro. O arroz subiu quase 40%, nos últimos 12 meses. O tomate, mais de 40%; carne, 34%; e o óleo de soja, mais de 80%.

E já sumiu das cestas básicas. Pelo menos nas que Júnior distribui numa comunidade do Rio, óleo não vem mais.

“Mas, em cima da necessidade das famílias, nós temos que passar, tem que doar mesmo sem óleo. Porque não pode ficar alimento aqui parado e as pessoas precisando”, conta o líder comunitário José Arthur Junior.

Para as famílias de baixa renda, que comprometem boa parte do orçamento com comida, a inflação da cesta básica foi assustadora: alta de 25% nos últimos 12 meses, segundo um levantamento feito pela FGV com dados do IBGE – quase três vezes mais que a inflação média.

“25% de aumento equivale a um quarto a mais de preço. Se um produto custava R$ 10, hoje ele custa R$ 12,50. Nossa meta de inflação era 3,75%. Então, quando a gente comenta que um grupo importante dos itens que a gente acompanha a variação de preço subiu 25%, olha o quão distante esses produtos estão da meta de inflação”, explica André Braz, economista da FGV.

O dinheiro extra que Robson conseguiu na reciclagem garantiu a primeira compra de carne em quase um mês: dois bifes, um para ele e outro para a esposa.

“Depois, dia 20, nós vamos pensar em carne de novo. Aí vai ser ovo de novo”, conta Robson Luiz de Lima, autônomo.

E, assim, o prato do dia a dia vai perdendo o sabor. A inflação vai deixando a vida mais amarga.

Contribuição de Wasmalia Bivar. Fonte: G1